Mapas

O entendimento da realidade da paisagem urbana brasileira e de seus espaços livres exigiu a partir de 2006 a criação de uma série de mapas temáticos, que foram produzidos a partir de arquivos shape file, sobre imagens extraídas dos aplicativos Google Earth e Google Street View, tendo como unidade de referencia a quadra urbana e com apoio de fotos aéreas feitas especialmente pelos pesquisadores do laboratório.

Mapas temáticos

Desenvolvidos a partir do projeto de pesquisa Quapá Sel I,  a partir de um trabalho de análise de imagens aéreas disponíveis em sites livres, compatibilizadas com fotos áreas tiradas pela equipe do laboratório sobre mapas vetorizados adquiridos/obtidos especialmente para tal, tendo como referencia de análise a quadra urbana. Cada conjunto de mapas têm uma data fixa de produção e refletem aquele momento da cidade em pauta e demorou em média 3 a 8 meses para ser produzido. Cidades de porte médio tem seus mapas produzidos em aproximadamente quatro a cinco meses e grandes cidade podem demorar até um ano para ter seu conjunto de mapeamentos produzido. Os mapas são produzidos cada conjunto de forma simultânea dentro dos programas ARC GIS e ARCVIEW.

MAPA DE ESPAÇOS LIVRES

Objetiva avaliar dentro das quadras urbanas o quanto se tem de espaços livres intra quadra, sejam eles jardins, corredores, pátios de descarga, estacionamentos, etc. A partir dessas informações podem ser observadas, por exemplo, a incidência de espaços livres que quanto menos forem em quantidade, indicarão mais áreas construídas e, portanto superfícies urbana muito impermeáveis. Foram estabelecidas as seguintes categorias:

– quadras com até 30% de espaços livres –  em média, isto é nessas quadras os espaços livres ocupam no máximo 30% da sua  área total. Significa no caso dizer que todos os espaços livres existentes, quintais, jardins, etc. são pequenos e em estão compactados em meio as construções, situação esta correspondente a lotes muito construídos e cujas construções tem poucos  pequenos recuos, muitas vezes limitados a pequenos corredores e pátios.

Os estudos feitos em mais de trinta cidades brasileiras no período indicam que em grande parte das quadras inseridas nesta categoria os espaços livres tendem a ter dimensões mínimas lote a lote, sendo comum a sua existência estar limitada a uns poucos metros quadrados do total da área da quadra, isto é serem apenas vãos abertos em meio ao casario, de modo a iluminar os edifícios.

– quadras com 30 a 50% de espaços livres em média, isto é no total de sua área, os espaços livres tem uma importância, configurando quintais, pátios, corredores, jardins, etc. de algum porte. Quadras inseridas nesta categoria correspondem em geral a áreas residenciais horizontais, verticais ou mistas, nas quais é possível se encontrar com facilidade áreas permeáveis na forma de pequenos jardins, quintais e canteiros arborizados. Estas se situam em muitos casos em  trechos residenciais horizontais ou verticais, em geral habitados por segmentos de classes média e alta e ainda em algumas áreas industriais, nas quais pátios de manobra, de depósito e estacionamento tem algum porte.

– quadras com mais de 50% de espaços livres em média, isto é no total de cada quadra pelo menos metade da sua área é ocupadas por espaços livres. No que correspondem a quadras divididas em grandes lotes, muitas vezes de caráter residencial, contendo casas cercadas de jardins, grandes estacionamentos arborizados, áreas de pequenas chácaras urbanas, etc. São quadras em geral com grandes áreas permeáveis, a exceção daquelas de caráter industrial ou comercial, que contem estacionamentos e pátios de manobras, caso, por exemplo, de estacionamentos de shopping centers.

MAPA DE ARBORIZAÇÃO

Objetiva detectar o quanto de cada quadra urbana é recoberto por copas de árvores, sejam elas de que porte for. Parte-se da ideia que é importante a existência da vegetação de porte para a vida  da cidade brasileira e esta informação mostra a quantidade em porcentagem de área das copas existentes quadra a quadra.

– menos de 10% de arborização intraquadra – situação esta bastante comum no Brasil, predominando por extensas áreas das suas cidades, sendo frequentes as quadras sem a existência de nenhuma árvore, tanto em áreas centrais, como em trechos habitados por classe média e população mais pobre.

– de 10% a de 30% de arborização intraquadra – correspondendo a situações bastante comuns em bairros de alta renda e em áreas suburbanas ocupadas por segmentos de renda média da população.

– de 30% a 70% de arborização intraquadra – situação esta típica de bairros de alta renda, de grandes glebas inseridas no meio urbano ainda não construídas e a setores ocupados por chácaras ou bosques e pomares privados.

– mais de 70% de arborização intraquadra – como a anterior pouco comum em áreas urbanas centrais, a não ser em praças e parques, sendo encontrada dentro de quadras convencionais nos mesmos tipos de espaços referidos no ultimo item.

 MAPA DE RECUOS

Objetiva entender o tipo de assentamento das construções na cidade, a  p e portanto as características básicas dos espaços livres intraquadra.

2.1- quadras em que não existe nenhum recuo – nesta situação as edificações são geminadas de todos os lados, com no máximo fossos para iluminação e ventilação, que podem ocupar pequenas áreas laterais ou no meio da construção. Esta é uma situação bastante comum, em áreas de ocupação antiga, em setores ocupados pela população de baixa renda e mesmo em alguns trechos ocupados por classe média. Podem ser encontrados ainda em áreas comerciais e antigas áreas fabris

2.2 – quadras uma ou duas faixas de recuos ou áreas livres de edificações. Situação bastante comum equivalendo em geral a construções com recuos de frente e fundo ou com um recuo lateral e um recuo de frente (jardim ou estacionamento) ou de fundo (quintal ou pátio de trabalho)

2.3 – quadras com três ou quatro faixas de recuos ou áreas livres de edificações. Bastante comum correspondendo a áreas habitadas por alta renda, por trechos ocupados por edifícios de apartamentos, em geral recuados dos quatro lados (pois obedecem a normas edilícias severas), ou ainda por estacionamentos e pátios de carga e descarga.

2.4 – sem predomínio de recuo –  situação esta bastante frequente e que pode ser encontrada por toda e qualquer a cidade. Neste caso não se consegue estabelecer um predomínio desta ou daquela situação, correspondendo em geral a quadras de uso misto ou nas quais são encontradas várias gerações de edificações, que seguem prescrições edilícias de épocas diversas e mesmo que tiveram seus espaços ocupados por “puxadinhos”

 

MAPA DE TIPOS MORFOLÓGICOS

A partir do objetivo de compreensão da totalidade da forma urbana adotou-se como procedimento de analise, como unidade de caracterização dos diferentes tipos morfológicos da cidade a quadra urbana, com os seus diferentes tipos de divisão em lotes, a cada uma correspondendo algum tipo de unidade morfológica

Como foi visto anteriormente as formas urbanas se caracterizam basicamente  em  estruturas horizontais e verticais e a partir dessas configurações básicas foram criadas  quatro categorias de analise para esta volumetria,todas então baseadas na quadra urbana como unidade, de acordo com divisão acima em elementos horizontais e verticais .São elas Horizontal tipo 1 e 2,  Vertical e Encraves, que podem ser subdivididas em outras subcategorias como se tem a seguir:

Horizontal tipo 1 – corresponde a quadra padrão urbana, subdividida em pequenos, médios e grandes lotes e está ocupada por construções de tamanhos diversos, mas todas com não mais de 3 andares.

1a- edificações horizontais de pequeno porte – divididas lote de pequeno e médio porte, ocupados por pequenos sobrados e casas, pequenas vilas, com predomínio da ocupação residencial,podendo existir eventualmente pequenas lojas e escritórios, postos de gasolina, etc.

1b- edificações horizontais de tipos variados –  constituída por lotes ocupados por todo tipo de construções de pequeno porte como lojas, casas, postos de gasolina, pequenas oficinas e igrejas, etc, mas sem um predomínio definido.

1c – loteamentos horizontais, com cercamento – de caráter residencial ou comercial, cercados por muros e protegidos por guaritas, podendo ou não estar entremeados por áreas ajardinadas.

d – condomínios horizontais – edificações horizontais, de estrutura morfológica similar, construídas em conjunto, com um mesmo partido arquitetônico, produzidas sempre ao mesmo tempo e  separadas do tecido urbano do seu entorno imediato por muro e portarias.

 

Horizontal tipo 2 – em que o parcelamento da quadra em lotes não é expressivo em termos de quantidade, sendo parcelada em poucos lotes, de grandes dimensões ou mesmo se constituindo em um único lote. Podem ser encontradas as seguintes situações:

2a- edificações horizontais de médio porte não dispersas: quadras industriais ocupadas por galpões, de menor porte, um ao lado do outro, ou com pequenos recuos.

2b- pequeno conjunto de edificações de médio porte não dispersas – hospitais, escolas e centros esportivos de pequeno porte, etc.

2c- edificações horizontais de médio porte dispersas: como um pequeno campus universitário etc.

2d-  edificações horizontais de grande porte –  correspondendo a um conjunto de grandes galpões industriais ou mesmo um shopping center de bairro totalmente inserido em uma quadra

 

Vertical – um tipo de configuração comum na grande e média cidade brasileira contemporânea caracteriza-se pelo predomínio de construções com mais de quatro andares, de funções diversas. Encontram-se os seguintes tipos:

V1- edificações horizontais e verticais –  contidas em quadras cujos lotes são ocupados por diferentes tipos e portes de edificações, de prédios de apartamentos e escritórios, até casas térreas, sobrados  ,lojas, vilas de pequeno porte,etc. sem nenhum predomínio aparente

V2- conjuntos habitacionais –  gerados tanto pela iniciativa privada como pelo Poder Público, com implantação de edifícios com cerca de 4 ou 5 pavimentos, com repetição de volumetria construída e disposição regular dos volumes.

V3- quadra condomínio vertical –   contendo duas ou mais torres residenciais, comerciais ou de serviços, dispostas em terreno de grande porte isolado do tecido ao redor por muros e no geral com não mais de dois acessos..

 

Encrave – corresponde a um trecho de território urbano, que pela sua dimensão de alguns milhares de metros quadrados, trinta, quarenta mil ou mais, equivalendo em termos dimensionais a áreas equivalentes a diversas quadras tradicionais (adota-se como dimensão padrão da quadra urbana 10.000m²). Corresponde sempre a uma porção do território da cidade, que propicia tipos diferentes de descontinuidade do tecido urbano e/ou a malha viária do entorno; muitas vezes com cercamento, impedindo a acessibilidade e apropriações plenas pela população.

E1- estruturas com pouco volume edificado: onde existe predomínio de espaços livres como, por exemplo, uma grande quadra ocupada por um hipódromo, estação de tratamento de água ou esgoto, um aeroporto ou ainda uma área de treinamento das Forças Armadas.

E2- grandes conjuntos de edificações dispersas – como uma cidade universitária.

E3 -complexos de edificações horizontais de grande porte – como um conjunto de Shoppings Centers, “out lets”, centros de distribuição e outros edifícios tipos de edifícios em associação funcional, sempre cercados por grandes áreas de estacionamentos, ou ainda grandes fábricas siderúrgicas, refinarias de petróleo, petroquímicas e ainda áreas portuárias.