Quadro geral da forma e do sistema de espaços livres das cidades brasileiras

LIVRO 3 - Quadro geral da forma e do sistema de espaços livres das cidades brasileiras-1

Quadro geral da forma e do sistema de espaços livres das cidades brasileiras – Livro 2 / organização de Silvio Soares Macedo, Eugenio Fernandes Queiroga, Ana Cecília de Arruda Campos, Vanderli Custodio. São Paulo: FAUUSP, 2018.

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APRESENTAÇÃO
Ana Cecília Mattei de Arruda Campos

SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E MORFOLOGIA URBANA DE CAMPINAS
José Roberto Merlin, Denio Munia Benfatti, Jonathas Magalhães Pereira da Silva, Wilson Ribeiro dos Santos Jr

TRANSFORMAÇÃO E PERENIDADE: o legado dos royalties do petróleo na paisagem de Campos dos Goytacazes/ RJ
Danielly Cozer Aliprandi, Antonio Leandro Crespo de Godoy

CONSTITUIÇÃO DA FORMA URBANA DE GOIÂNIA. Da estrutura tipológica elementar ao Parque Macambira Anicuns
Wilton de Araujo Medeiros

MACEIÓ: SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E A FORMA URBANA
Geraldo Majela Gaudêncio Faria, Veronica Robalinho Cavalcanti

CONFIGURAÇÃO URBANA DE MANAUS ANALISADA A PARTIR DE SEU SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES
Taís Furtado Pontes, Vládia Pinheiro Cantanhede Heimbecker

TRANSFORMAÇÕES NA FORMA URBANA DE MARINGÁ-PR. O sistema de espaços livres e as reconfigurações urbanas recentes
Karin Schwabe Meneguetti, Renato Leão Rego, Gislaine Elizete Beloto, Izabela Bombo Gonçalves, Samara Soares Braga, Mayara Henriques Coimbra

SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES NA CONSTITUIÇÃO DA FORMA URBANA DE NATAL
Ruth Ataíde, Amíria Brasil, Maria Dulce Bentes Sobrinha, Francisco Bezerra Junior, Camila Furukava, Verônica Lima, Alexsandro Silva

SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E A CONSTITUIÇÃO DA FORMA URBANA CONTEMPORÂNEA: produção e apropriação em Palmas-TO
Lucimara Albieri

ESPAÇOS LIVRES E FORMA URBANA NO RIO DE JANEIRO: contrastes e contradições do processo de estruturação do espaço e da paisagem
Mariana V. Moreira, Bruno R. Mendonça, Marco B. Amorim, Alain L. Flandes, Flora O. Fernandez, Carla G. Oliveira, Aydam de Paula, Camila C. Vianna, Rogerio G. Cardeman, Vera R. Tângari

O SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E A FORMA URBANA DA CIDADE DE SANTA MARIA-RS-BRASIL: caracterização das dinâmicas espaciais e funcionais
Luis Guilherme Aita Pippi, Letícia de Castro Gabriel, Helena Reginato Gabriel, Renata Michelon Cocco, Ana Júlia Breunig de Freitas, Letícia de Fátima Durlo Coutinho, Raquel Weiss

SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E SUA RELAÇÃO COM OS AGENTES PÚBLICOS E PRIVADOS NA PRODUÇÃO DA FORMA URBANA DE SÃO CARLOS, SP
Luciana Schenk, Renata Peres, Marcel Fantin

DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA QUAPÁ-SEL NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO. Espaços livres, apropriações e forma urbana na metrópole paulistana
Eugenio Fernandes Queiroga, Veronica Garcia Donoso

O SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES NA CONSTITUIÇÃO DA FORMA URBANA DA REGIÃO DE VITÓRIA, ES
Eneida Maria Souza Mendonça, Lorenzo Gonçalves Valfré

APRESENTAÇÃO
Nestas praticamente duas primeiras décadas do século XXI, intensas e prementes são as transformações da urbanização brasileira. Segundo estimativas do IBGE, entre 2000 e 2017, a população cresce cerca de 23% e é majoritariamente urbana. Processos como a implementação de loteamentos fechados e condomínios horizontais, de acesso controlado, se intensificam apoiados na ampliação da rede viária e rodoviária. Conjugam-se com maior mobilidade, deslocamentos pendulares, novas possibilidades de organização do trabalho e consumo do espaço urbano. Centros de distribuição e logística, núcleos empresariais, estruturas comerciais e de serviços de grande porte reorganizam os espaços, escapam às classificações usuais e forçam novas reflexões. O próprio IBGE abriu em 2017 discussão sobre o binômio rural-urbano, alterando seus critérios de classificação.
O ritmo das transformações reflete as mudanças políticas e econômicas. O crescimento do agronegócio impulsiona cidades médias e cria outras novas. Investimentos federais possibilitam obras infraestruturais de porte e o Programa Minha Casa Minha Vida transforma a realidade de diversas cidades. A nacionalização de incorporadoras imobiliárias é por vezes associada ao processo de verticalização recente que altera a conformação de muitas cidades, mas não é sua única vertente.
Se por um lado há um aumento de renda das camadas mais baixas da população, por outro mantem-se a desigualdade, expressa nos assentamentos precários por todo o País. A segregação está muito além dos propalados muros e cercamento: está visível nas distâncias percorridas diariamente por muitos, nas irregularidades fundiárias que impossibilitam seu acesso a serviços básicos, na precariedade do sistema de espaços livres resultante. As estruturas naturais sofrem a pressão da urbanização e a ampliação das redes de esgotamento sanitário e abastecimento de água não é acompanhada na mesma medida do processo de urbanização, assim são precários o tratamento de esgoto, a despoluição de rios e a reciclagem de resíduos sólidos.
Com relação aos espaços livres, novos tipos como os parques lineares, qualificados ou não, são realidade em inúmeras cidades e denotam a força do discurso ambiental corroborado por legislação específica. Às tradicionais funções como lazer e recreação realizadas em estruturas projetadas especificamente para estes usos, somam-se o efêmero, o não controlado, a ação impulsionada por meio das redes sociais. Qual o desenho destes espaços para os novos usos?
Mesmo a mobilidade adquire outros contornos: aos modais motorizados, somam-se as bicicletas, questiona-se a qualidade das calçadas, fala-se em cicloativismo e caminhabilidade. Além dos deslocamentos em si, outros parâmetros de apropriação das cidades entram em discussão.
A forma urbana pode ser analisada segundo abordagem interescalar dos elementos que constituem os tecidos urbanos. Pode também ser aplicada à mancha urbana dos aglomerados. Como define Queiroga em palestra no Colóquio da rede nacional de pesquisa QUAPÁ-SEL (FAUUSP, outubro 2018) “a paisagem é processo (relação entre processos sociais sobre as dinâmicas do suporte biofísico), a forma urbana é produto, ainda que mutável e dinâmico, condição para que o urbano se realize”.
Entretanto, apesar da similaridade destes processos, sua materialização se dá de modos distintos nas cidades brasileiras segundo suas particularidades históricas e socioeconômicas. Esta diversidade é abordada nos artigos aqui apresentados. Cidades médias, sedes de regiões metropolitanas, capitais de estado, cada qual se estrutura e reflete sua própria organização.
Aos autores foi solicitada a análise de itens específicos que balizam a produção dos artigos: a relação da morfologia urbana com o suporte biofísico, o sistema de espaços livres, o papel concreto dos agentes produtores dos espaços livres e edificados, os padrões morfológicos e a legislação urbanística e ambiental pertinente. Estes itens direcionaram a pesquisa desenvolvida nestes 5 últimos anos no projeto temático de pesquisa intitulado Os sistemas de espaços livres na constituição da forma urbana contemporânea no Brasil: produção e apropriação – QUAPÁ-SEL II, que se encerra neste ano (2018). E que teve na realização de oficinas in loco seu ponto mais relevante (reconhecimento por terra, sobrevoo com levantamento fotográfico, trabalhos em grupo e síntese das oficinas em quatro temas: 1) o sistema de espaços livres existentes; 2) a legislação e os espaços edificados e livres gerados; 3) a identificação dos agentes produtores do espaço urbano e; 4) os padrões morfológicos existentes). O material resultante foi muito aproveitado pelos autores dos trabalhos aqui apresentados.
A ocupação dispersa e fragmentada, a desarticulação de espaços livres e tecidos urbanos que reforçam a segregação socioespacial são abordados em SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E MORFOLOGIA URBANA DE CAMPINAS, de autoria de José Roberto Merlin, Denio Munia Benfatti, Jonathas Magalhães Pereira da Silva e Wilson Ribeiro dos Santos Jr.
Com relação às transformações das cidades médias, a produção de petróleo e seus impactos na urbanização recente são analisados por Danielly Cozer Aliprandi e Antonio Leandro Crespo de Godoy em TRANSFORMAÇÃO E PERENIDADE: o legado dos royalties do petróleo na paisagem de Campos dos Goytacazes/ RJ.
Em CONSTITUIÇÃO DA FORMA URBANA DE GOIÂNIA. Da estrutura tipológica elementar ao Parque Macambira Anicuns, Wilton de Araujo Medeiros parte dos tipos de espaços livres oriundos do projeto inicial da cidade, confrontando-os com aqueles gerados pela urbanização recente.
Geraldo Majela Gaudêncio Faria e Veronica Robalinho Cavalcanti discutem em MACEIÓ: SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E A FORMA URBANA, as características dos espaços livres para que assegurem às formações urbanas condições adequadas de funcionalidade e organicidade aos subsistemas.
Em CONFIGURAÇÃO URBANA DE MANAUS ANALISADA A PARTIR DE SEU SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES, Taís Furtado Pontes e Vládia Pinheiro Cantanhede Heimbecker enfocam o conflito da urbanização frente a paisagem natural, em detalhada narrativa histórica.
Os pesquisadores Karin Schwabe Meneguetti, Renato Leão Rego, Gislaine Elizete Beloto, Izabela Bombo Gonçalves, Samara Soares Braga e Mayara Henriques Coimbra no artigo TRANSFORMAÇÕES NA FORMA URBANA DE MARINGÁ-PR. O sistema de espaços livres e as reconfigurações urbanas recentes cidade de Maringá partem do projeto inicial da cidade onde a estruturação das formas urbanas se dá através do sistema de espaços livres, adequando-os ao suporte natural, e verificando sua estrutura atual.
A relação conflituosa dos diversos agentes envolvidos na produção do espaço e a pressão por ocupação frente às estruturas naturais é discutida em SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES NA CONSTITUIÇÃO DA FORMA URBANA DE NATAL por Ruth Ataíde, Amíria Brasil, Maria Dulce Bentes Sobrinha, Francisco Bezerra Junior, Camila Furukava, Verônica Lima e Alexsandro Silva.
Lucimara Albieri analisa a constituição da forma urbana de Palmas a partir de seu projeto urbanístico, evidenciando seus conflitos e contradições em SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E A CONSTITUIÇÃO DA FORMA URBANA CONTEMPORÂNEA produção e apropriação em Palmas-TO.
ESPAÇOS LIVRES E FORMA URBANA NO RIO DE JANEIRO: contrastes e contradições do processo de estruturação do espaço e da paisagem, artigo desenvolvido pelos pesquisadores Mariana V. Moreira, Bruno R. Mendonça, Marco B. Amorim, Alain L. Flandes, Flora O. Fernandez, Carla G. Oliveira, Aydam de Paula, Camila C. Vianna, Rogerio G. Cardeman e Vera R. Tângari, discorre sobre a dinâmica de ocupação e apropriação do solo e a fragmentação urbana causada por processo desarticulado, com impactos ambientais.
O crescimento significativo das cidades médias no País e a decorrente intensificação de problemas como a segregação socioespacial e a desconectividade de espaços interurbanos são alguns dos destaques do artigo O SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E A FORMA URBANA DA CIDADE DE SANTA MARIA-RS-BRASIL caracterização das dinâmicas espaciais e funcionais de Luis Guilherme Aita Pippi, Letícia de Castro Gabriel, Helena Reginato Gabriel, Renata Michelon Cocco, Ana Júlia Breunig de Freitas, Letícia de Fátima Durlo Coutinho e Raquel Weiss. Em SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES E SUA RELAÇÃO COM OS AGENTES PÚBLICOS E PRIVADOS NA PRODUÇÃO DA FORMA URBANA DE SÃO CARLOS, SP, Luciana Schenk, Renata Peres e Marcel Fantin analisam historicamente o desenvolvimento da cidade e seus conflitos com as estruturas naturais, consolidando fragilidades, ambiental e social. No artigo DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA QUAPÁ-SEL NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO Espaços livres, apropriações e forma urbana na metrópole paulistana, Eugenio Fernandes Queiroga e Veronica Garcia Donoso abordam a escala metropolitana para análise da urbanização recente e o sistema de espaços livres, enfrentamento necessário para compreensão de alguns de seus processos.
Por fim, Eneida Maria Souza Mendonça e Lorenzo Gonçalves Valfré desenvolvem seus estudos sobre O SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES NA CONSTITUIÇÃO DA FORMA URBANA DA REGIÃO DE VITÓRIA, ES abordando a escala metropolitana da forma urbana.
Ana Cecília Mattei de Arruda Campos
pesquisadora Lab QUAPÁ, PUC -Campinas
Maio 2018